sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DOM GERALDO Visita o Santo Padre Bento XVI

DIÁRIO DE ROMA OUTUBRO 2010 - (nº3) ENCONTRO COM O PAPA BENTO XVI

Sábado 2 de outubro:

Do Diário de Dom Geraldo Verdier, Bispo Diocesano de Guajará Mirim, Brasil.

O dia inicia às 7:00 h com a visita à Basílica de São Pedro, na cripta, onde concelebramos a Eucaristia, exatamente diante do túmulo do chefe dos apóstolos, martirizado de cabeça para baixo.

A missa foi presidida pelo mais antigo bispo do grupo, Dom Moacyr Grechi, arcebispo de Porto Velho. Ele nos deu uma bela meditação sobre as palavras: “- Pedro, tu me amas? – Senhor, tu sabes tudo, bem sabes que eu te amo!” Amor a Cristo e amor ao povo concreto que nos foi confiado em nossas respectivas dioceses.

As 11 h, nos dirigimos aos apartamentos do Papa, os bispos de Porto Velho, Dom Moacyr Grechi, brasileiro tendo estudado em Roma; de Cruzeiro do Sul, Dom Moïsés Pontelo, brasileiro; o bispo de Humaïtá, Dom Francisco Merkel, alemão; e o de Guajará-Mirim. Um pouco nervosos e emocionados: Teremos 15 minutos cada um em conversa reservada com ele.

À 12 hs em ponto a porta se abre. Dom Moïsés sai satisfeito, e eu entro imediatamente. O papa me recebe em pé, rosto sereno, com um largo sorriso e um: “Bonjour mon ami”!(Bom dia meu amigo!) Logo o fotógrafo oficial bate algumas fotos. Depois, Bento XVI me leva à sua mesa de trabalho e me mostra um mapa: “ Mostre-me onde fica sua diocese”? Já uma flecha em vermelho indica Guajará-Mirim. -“Fica na fronteira da Bolivia, constata o Papa? – Sim, Santo Padre, temos 1.000km de fronteira com este país.

“- E como, da França, foi parar missionário na Amazônia?” Falo de meu encontro, jovem, com Dom Rey e do entusiasmo dele para com este povo de Guajárá-Mirim, que ele me transmitiu... Até que, há 45 anos atrás, realizei o meu sonho e parti para o Brasil.

E acrescento: “ Santo Padre , quando embarquei em Le Havre , em 1965, naveguei 16 dias com um amigo de Vossa Santidade, que ia dar um curso de filosofia à Universidade Federal de Rio de Janeiro, acompanhado pela esposa e os três filhos: o Professor Dr. Robert Spaemann. - De fato, é um bom amigo que conheço há muito tempo... Ele sofreu muito quando perdeu a esposa...”

Voltamos aos assuntos da missão: superfície da diocese, longas estradas que nos obrigam a dar a volta por Porto Velho e Ji-paraná, para visitar as comunidades do sul e do centro da missão; a situação dos índios que ainda são deixados de lado pelo governo; os presos, a maioria pequenos traficantes de droga quando os grandes escapam sempre; as grandes barragens que nos deixam preocupados pelas consequências sobre a ecologia e os ribeirinhos e indígenas, e que são uma realidade já consumada...

Mas o Papa ficou feliz com a generosidade dos padres, das irmãs e dos leigos que visitam e animam as comunidades; com as vocações surgidas destas comunidade, com o esforço das pastorais, particularmente com as famílias... Seus olhos brilharam quando falei que ordenei 2 padres em 12 meses e os 3 primeiros diáconos casados permanentes... Ficou surpreendido quando disse que mandamos os nossos teólogos estudarem a 3.000 km de Guajará-Mirim... e que, após 30 anos de episcopado, pedi um bispo coadjutor! – Já começaram os trâmites para a nomeação dele? – Sim, Santo Padre. – Então, está bem!” disse ele.

Os 15 minutos tinham passado, quando levantou-se, oferecendo-me um grande envelope com terços e fotos...

Agradeci. Pedi uma bênção especial para toda a nossa missão, para os familiares e amigos, brasileiros e franceses, que tanto nos ajudam em nosso ministério e na promoção dos pobres e excluídos, Índios, ribeirinhos, doentes, jovens, famílias do lixão...

“ Abençôo a todos, de todo o coração!” E concluiu de modo imprevisto e animador para mim : “E agora, vamos rezar para que tenham um bom bispo Coadjutor!”



FONTE: www.radioeducadoraam.com.br


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